Palmas 30 anos

PALMAS TRINTOU!

No dia em que Palmas completa 30 anos, moradores que também têm 30 primaveras contam como cresceram na mais nova capital 

Por Luana Fernanda
Diz a lenda que quando os 30 anos chegam, as coisas começam a se transformar e ganhar novas dimensões no espaço. É nessa idade que a maturidade faz sentido e muitas incertezas da vida recebem as respostas e o caminho para o crescimento.  Palmas trintou neste 20 de maio e o que esperam os tocantinenses e muitos moradores que escolheram o lugar, acreditando que “esta terra é nossa”, é que o sucesso prospere na mais nova capital do país, que descobre agora a fase adulta.

Há 22 anos a funcionária pública Taís Parpinelli veio de São Paulo com sua família. Ela relata que muito se ouvia falar do Tocantins por aquelas bandas do Sudeste. “A gente imagina que aqui era um estado novo e por isso oferecia muitas oportunidades. Meus pais, que não tinham nível superior completo, sonhavam com a possibilidade de conquistar autonomia e estabilidade para a família e em 1997 viemos com uma mão na frente e a outra atrás, desbravar o antigo Norte de Goiás”, lembra.

Taís relembra as muitas lutas enfrentadas. Ela diz que era perceptível que as pessoas que vinham e ficavam em Palmas era porque realmente não tinham medo de enfrentar a difícil realidade de um lugar que, até então, era incerto. “Nós ficamos e vencemos! Conquistamos a tão sonhada estabilidade financeira, muito embora o trabalho continue sendo árduo”, comemora a servidora, que completa 30 anos junto com a cidade, ao apontar o motivo para escolher a terra de um dos pores do sol mais contemplados pelos fotógrafos. “Juntamente com meus pais, cresci em formação humana e espiritual e graças ao suor desses difíceis anos estou conquistando uma carreira profissional”.

Além de falar da carreira, considera que Palmas é uma cidade linda, acalorada e é uma das poucas capitais aonde ainda é possível viver com qualidade e segurança. “Sinto-me honrada em fazer parte desta história. Fazer 30 anos faz passar um filme pela minha cabeça. Repensar naquilo que foi realizado, mas também nas coisas que ainda quero conquistar. É incrível parar para pensar agora se 'isso' ou 'aquilo' combina com uma mulher de 30. Mas também é incrível pensar na mulher que me tornei, as qualidades vêm em relevo, não obstante os defeitos que procuro sempre trabalhar para melhorar. E muito de mim está ligada à cidade em que vivo”. 

Ela diz que almeja crescer profissionalmente e o desejo é estendido a Palmas. “Quero uma cidade cada vez melhor para viver. Com pessoas que entendam a importância da regra de ouro que diz: 'faça aos outros aquilo que gostaria que fosse feito a você e não faça aos outros, aquilo que não gostaria que fosse feito a você'. Para mim isso seria o bastante para vivermos em um mundo melhor e numa cidade melhor”. 
 Fotos: Lia Mara
A funcionária pública Taís Parpinelli, 30 anos, e sua família deixaram São Paulo para morar em Palmas
Idade do sucesso
A reportagem do Jornal do Tocantins também escolheu outra jovem que está entrando nos 30 para nos falar qual a relação dela com a cidade, que também completa neste ano a idade do sucesso. 

A estudante Débora Caroline Sousa Bandeira Santos mora em Palmas há 24 anos e conta que mudou com sua família para buscar uma vida melhor. “Nós viemos para cá por causa de negócios na cidade, que por ser uma capital nova, o lugar era promissor, então meus pais tinham uma perspectiva muito boa”.

Débora lembra que o tempo foi passando e a cidade se tornou um ponto de acolhimento também para outros membros da família. Saudosa no tempo, se sente privilegiada em fazer parte da história local. “Cresci junto com essa cidade, vi seu desenvolvimento, afinal quando cheguei aqui era só poeira pra todo lado. Passamos algumas dificuldades, mas também grandes conquistas, minha família ama este lugar”.

Entre seus planos para o futuro, a estudante tem como meta concluir a faculdade e exercer sua carreira na cidade que escolheu para fazer parte. “Termino esse semestre o curso de estética e cosmética e espero entrar no mercado de trabalho o quanto antes. Já para a capital, torço que cada vez mais ela possa se desenvolver e continuar linda, assim como ela já é”, almeja. 
Oportunidade de Sucesso 
Ainda entre os trintões, nossa reportagem ouviu o fotografo Ragner Medeiros, que chegou em Palmas em 1993. “Vim com minha família. Viemos em busca de oportunidade. Meu pai montou uma borracharia em frente ao antigo Wilson Vaz e daí continuei morando aqui por conta dos estudos e pelo fato de Palmas ser uma cidade muito calma, bonita, plana, vias largas e me deixar próximo à natureza. Amo morar aqui, só trocaria este lugar para morar no Canadá, que não faz calor (risos)”.

Completar 30 anos junto com a terra do sol mais quente que já se viu no Brasil, para Ragner é uma conexão à cidade. “É como se eu tivesse uma irmã na infância e ela me acompanhasse em minha jornada enquanto crescíamos juntos. A parte do contato com a natureza me encanta muito, já viram o céu de Palmas à noite? É lindo e estrelado”, observa.

Futuro
O estudante de psicologia Matheus Castro, 27 anos, é o caçula da reportagem. Ele ainda não chegou aos 30, porém, nasceu em Palmas e nunca se mudou nem mesmo de quadra. “Por ser uma cidade que alia oportunidades de crescimento profissional e qualidade de vida, Palmas se torna única para quem decide morar aqui. Eu amo este lugar e o fato de ser palmense nativo. Só sairia daqui por uma oferta de emprego muito boa ou se fosse para fora do País”, garante.

Para o futuro, Castro tem sonhos simples, mas todos envolvem a capital de ruas largas e espaços vazios. “Quero ser um psicólogo reconhecido pelo meu trabalho e aumentar minha família com o meu marido, que também cresceu em Palmas. Teria muito prazer em criar nossos filhos como palmenses orgulhosos”.
Pioneiro 
Outro que nasceu e sempre morou em Palmas foi o estudante Palmério da Silva. O jovem ganhou fama nos jornais justamente por ser o primeiro bebê registrado na cidade. Ele relata que continuou morando na Capital porque acredita que aqui é um lugar de inúmeras possibilidades. “Sinto-me privilegiado em fazer parte da história da cidade. Ser o primeiro a nascer numa capital é um sentimento inexplicável. Minha meta de vida é poder acompanhar o desenvolvimento dela e fazer parte deste crescimento”. aposta.

Números da Capital

Trinta anos de transformações e potencial para economia diversificada

Fotos: Lia Mara
Por Lauane dos Santos
Pouco tempo depois de criada efetivamente, Palmas, com poucas ruas e estabelecimentos, contabilizava 24.261 habitantes, em 1991. Agora com 30 anos, a cidade cresceu 1.102% e conta com população estimada em 2018 de 291.855 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Populosa, a jovem Capital do País também registra, com dados crescentes, o desenvolvimento estampado nas ruas. 

Com um ‘boom’ populacional na década de 90, a cidade passou de 24 mil para 137 mil habitantes em 10 anos, dobrando o número inicial pelo menos cinco vezes e chegando a um crescimento populacional de 466,2% até os anos 2000, segundo o IBGE. 

Atualmente, Palmas tem uma taxa de crescimento anual de 1 a 1,2%, sendo considerada saudável pelo Supervisor de Pesquisas e Disseminação de Informação, Paulo Ricardo Amaral. “Palmas é uma cidade administrativa, tendo como característica alocar os serviços públicos federal, estadual e municipal, então é natural que tenha um fluxo populacional muito grande no começo, pelo fato de estar se instalando. Mas agora que vem se estabilizando”, explica.

Segundo o supervisor, o crescimento populacional da cidade está se adequando às taxas nacionais. “Palmas nunca deixou de crescer, mas hoje as taxas de crescimento são mais naturais. Explosões demográficas nunca são saudáveis e acabam criando ‘Capadócias, Santo Amaros’, essas grandes aglomerações com pouca assistência”, afirma o supervisor. 

Atualmente, Palmas tem um crescimento populacional em torno de cinco a sete mil pessoas. “Embora as taxas pareçam pequenas, cada um desses indivíduos tem necessidades básicas, precisam de educação, saúde, transporte, saneamento”, comenta Amaral.

Economia crescente
Esse crescimento também se deu em outra área. A economia municipal tem uma média de crescimento real da economia de 5,4% nos últimos quinze anos, dobrando a estatística nacional. Segundo o economista e professor do mestrado e doutorado em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Waldecy Rodrigues, essa taxa é considerada boa, se comparada com a média nacional de 2,31% no mesmo período. “É um crescimento interessante, mas ainda é uma economia muito irregular porque é uma cidade em formação”, analisa o economista. 

Comércios e serviços é o segmento da economia que tem o maior peso no Produto Interno Bruto (PIB) de Palmas, que estava em 8,1 bilhões em 2016, com 52,16% do PIB, seguido da Administração (22,33%), Indústria (11,26%) e Agropecuária (0,67%). 

Amaral explica que, de acordo com os dados, Palmas tem uma economia inicial e ainda precisa de mais tempo para se consolidar. “Temos uma economia incipiente. Os excedentes econômicos é que vão, daqui a um tempo, gerar excedente para ter economia diversificada”, analisa. 
Para o professor da UFT, já é possível perceber um início de diversificação, com “crescimento do setor de saúde que é nítido, bem como o comércio que cresceu muito a olhos nus e também a prestação de serviços agropecuários e agroindustrial, com a Agrotins que mostra a abertura desse setor”, comenta. 
Paulo Ricardo Amaral, supervisor de Pesquisas e Disseminação de Informação do IBGE
Desemprego preocupante
Por muito tempo a economia da cidade foi baseada na área da construção civil, um setor considerado sensível e com flutuações. Essa foi uma das questões que levou as taxas de desemprego de Palmas nas alturas. No último trimestre de 2016, dados do IBGE mostraram que 15,1% da população palmense estava desempregada ou trabalhando menos. A situação começou a melhorar, ainda que não tenha chegado aos 7% registrado no final de 2013, e recuou para 11,1% no último trimestre de 2018. 

“Estamos em um processo de recuperação da atividade econômica, pois o aumento significativo da taxa é principalmente ligado à construção civil, já que quando cortaram o projeto Minha Casa Minha Vida em 2016, muita gente ficou desempregada e as taxas subiram, porque a construção civil é que mais emprega mão-de-obra com baixa qualificação, que é a realidade de Palmas”, considera o supervisor do IBGE Ricardo Amaral. 

Para melhorar
Perguntado sobre o que precisa melhorar na Capital, Amaral fala sobre educação como principal medida. “Para os próximos anos, o ponto mais importante para a população palmense é a educação moral e cidadã exatamente para criar essa sensação de pertencimento do município às pessoas porque a partir disso é que nós passamos a se preocupar com ‘o todo’, com as melhorias de cada bairro e da cidade”, afirma.

Para o economista Waldecy Rodrigues, outro ponto importante é entender que existe uma relação de codependência com cada área da cidade. “Uma coisa puxa a outra, a cidade só vai ter emprego de qualidade se atrair empresas que fomentem a produtividade da economia, mas só vai ter isso se tiver uma boa infraestrutura, e isso também depende da presença dessas empresas”, comenta. 

“É preciso atrair mais empresas de produtividade para a Capital, investir em setores dinâmicos da economia que precisam de um cuidado especial e podem se tornar referência, como turismo que tem grande potencial e precisa melhorar, saúde, setor técnico em agronegócio, além de cuidar do trânsito e começa a agregar valor, tudo melhora”, analisa Rodrigues. 

“Palmas é um lugar de muito potencial para investimento e residência, mas temos que trabalhar nos espaços de lazer para a população, ciclovias, acessibilidade, porque a partir dessas condições é que os investimentos nos quais Palmas vêm se destacando poderá atrair cada vez mais pessoas e mais recursos”, complementa. 

Quem chegou para crescer
Guilherme Coutinho Borges chegou em Palmas há 20 anos e fez carreira como médico e empresário na capital, sendo considerado o pioneiro em cirurgias para cálculos renais, conhecida popularmente como pedra nos rins. Com mais de 20 mil pacientes e pelo menos 10 mil procedimentos cirúrgicos nesse tempo, o empresário começou pequeno. “Eu implantei aqui uma filial urológica de Goiânia e trouxe a primeira máquina para quebrar cálculos, só eu fazia esse procedimento no Estado”, comenta. 

Atualmente, ele é CEO e presidente de um empreendimento hospitalar com máquinas especializadas e uma equipe capacitada, tendo se tornado referência no município, mas lembra que ao chegar na capital a situação era bem diferente. “No início não tinha nenhuma estrutura médica, tudo que precisava tinha que trazer de fora e a manutenção de aparelhos importados só dava para ser em outros estados, também ter pessoal qualificado era bem complicado, mas nós conseguimos”, relembra. 

Para o CEO, Palmas é uma cidade que ainda tem muito para viver e ser. “Palmas é uma cidade com potencial econômico excelente, tudo que fizer muito bem feito aqui vai conseguir sobressair. Eu construí toda minha carreira e negócios aqui”, relata Borges.

Outra pessoa que pisou os pés em Palmas quando tudo ainda era poeira e sonho e viu a economia e a cidade crescer é o engenheiro civil Luiz Alvino Silva. Com pelo menos 25 anos residente na Capital, Silva trouxe para a cidade um empreendimento de construção de poços tubulares profundos e hoje também é dono de uma cervejaria.  

Com um mercado promissor, o engenheiro empreendeu na cidade e se deparou com os desafios de uma capital sem estrutura. “Na época, só tinham poucas estradas para os diversos municípios que demandavam solicitações de perfuração e, em Palmas, e tínhamos dificuldade em chegar nos lugares, além do problema para encontrar mão de obra-qualificada, a maior parte das pessoas que trabalharam conosco praticamente se formaram dentro da empresa e se tornaram parte importante de nossas vidas até os dias de hoje”, conta o engenheiro. 

Silva afirma ter sentido as mudanças na cidade ao longo desses 30 anos e explica que há mercado para expandir. “Palmas tem potencial de sobra para ser grande, desde que encontremos o caminho para seguirmos mais livres nas operações comerciais e com boas iniciativas empreendedoras”, finaliza.

“Palmas é uma cidade com potencial econômico excelente, tudo que fizer muito bem feito aqui, vai conseguir sobressair. Eu construí toda minha carreira e negócios aqui”, 
Guilherme Coutinho Borges, médico, mora em Palmas há 20 anos


Identidade cultural

Fotos: Aline Batista e Luciana Pires/ Secom Palmas

A cara da cultura palmense 

Por Talita Melz
Apesar de estar completando apenas três décadas de existência, a capital tocantinense carrega tradições culturais formatadas em festivais e eventos reconhecidos pelos próprios moradores que marcam presença anualmente. As iniciativas mais antigas são o Arraiá da Capital, que vai para a 27ª edição, e o Festival Gastronômico de Taquaruçu (FGT), que já chega à 13ª edição.

“Sabe-se que cultura são as manifestações do povo ao longo do tempo. O resgatar do passado, vivido no presente e transformado e preparado para o futuro. O que vira rotineiro e é vinculado e introduzido aos processos culturais”, explica o presidente da Fundação Cultural de Palmas (FCP) Giovanni de Assis.

Todo esse processo em festas, festivais e comemorações ocorre da mesma forma: “quando é reconhecido e aceito pela população vai se moldando em cultura”. Para o gestor, o Arraiá e o FGT já passaram pelo processo de incorporação na rotina e na cultura palmense, pois o público se organiza para participar dos eventos. 

O Arraiá da Capital está na lista de uma das maiores festas juninas do Norte do País e reúne música, comidas típicas e quadrilhas juninas. Consolidado como um evento de integração familiar, valorização das manifestações populares tradicionais, vindas em especial do Nordeste do País, de onde, inclusive, migrou grande parte da população da Capital. Famoso pelo Concurso de Quadrilhas Juninas, o Arraiá também gera renda e é instrumento de qualidade de vida, pois envolve jovens de regiões mais periféricas na criação e ensaios dos espetáculos juninos, organizados desde 1993. 

Ganhando mais espaço a casa ano, o Festival Gastronômico de Taquaruçu tem objetivo de fomentar a gastronomia regional, mostrar a qualidade e hábitos culinários e os ingredientes típicos. O FGT surgiu como parte da programação de férias em 2005 e se consolidou nos anos seguintes. Apesar de se inserir como cultura imaterial, conforme classifica Assis, o Festival é alvo de reclamações devido a da quantidade de filas e o viés comercial que ganhou com os anos.

“Diferente do Arraiá, o Festival já tem um caráter mais econômico por envolver o comércio culinário e turismo do distrito. Entretanto, independente do evento, depois que ganha certa dimensão, é preciso avaliar e de tempos em tempos resgatar as tradições para evitar que se permeia somente o lado econômico”, relata.  
                                                                                                                                                                                                                                        Fotos: Luciana Pires/ Secom Palmas
Em processo de incorporação 
Nos últimos cinco anos, o número de projetos voltados para a cultura e o turismo teve uma nova fase na Capital. Completando quatro anos, o Projeto Quarta Clássica apresenta ao público concertos musicais eruditos e populares, instrumentais e vocais produzidos em Palmas. Em 2018, a iniciativa chegou a apresentar 16 concertos e reuniu mais de duas mil pessoas. “Estamos nos surpreendendo pelo crescimento da iniciativa que vem se incorporando na rotina da cidade e certamente se transformará em hábito cultural”, conta o presidente da FCP Assis. 

Outro exemplo bastante polêmico entre a população é o Capital da Fé. Se por um lado populariza uma programação diferente no Carnaval, por outro é alvo de reclamações justamente por essa diferença, deixando de lado a folia tradicional festejada em todo o País. Com cinco anos de existência, a festa é pensada como opção de programação cristã em meio ao carnaval. 

Conforme Assis, a política cultural das cidades, inclusive Palmas, deve abranger todos os públicos. “Claro que grandes eventos se tornam mais fortes e populares, mas a democratização e o acesso aos eventos, considerados segmentados, vêm aumentando na Capital”. Essa democratização gradual, segundo o gestor, faz parte do crescimento de uma cidade. “No processo de civilidade das cidades novos conhecimentos e procura por outros bens e produtos culturais são naturais, diversificando as experiências”, afirma.  

Dentro dessa perspectiva de diversificação, também projetos ainda mais recentes que vêm ganhando forma e mostrando aspectos da cultura palmenses são o Você na Tela e as Terças Literárias, ambas voltadas para divulgar nichos crescentes (cinema) ou aparentemente esquecidos (literatura) em todo o Estado, não apenas em Palmas. 

O objetivo do Você na Tela é estimular a produção de obras produzidas nas escolas e, assim, abrir espaço para formação de uma cultura audiovisual. O que não é novidade no Tocantins e na Capital, que contam uma produção cinematográfica com nomes de conhecimento nacional e também que vem sendo cenário de gravações.  

A Terça Clássica busca difundir os escritores da região com saraus literários em leitura de textos, declamação de poesia, palestras, projeção de vídeos, apresentações musicais e realização de debates sobre obras, além de sessões de autógrafos. Também colocamos nesta lista crescente o Salão Palmense de Novos Artistas, Palmas Férias e os eventos realizados em datas comemorativas como Páscoa, Natal e Ano Novo. 

30 anos de cultura palmense por artistas regionais


Comportamento

Espaços públicos cada vez mais utilizados para a prática de exercícios físicos

Fotos: Lia Mara
Por Elâine Jardim
Palmas tem inspirado qualidade de vida ao longo dos seus 30 anos. Em 2017, a cidade ficou conhecida no Brasil como a capital com a menor taxa prevalência de excesso de peso e o menor índice de hipertensão. Além disso, na mesma época, a cidade esteve em segundo lugar como a capital com a menor predominância de diabetes. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em todas as capitais brasileiras. O resultado reflete respostas de entrevistas realizadas de fevereiro a dezembro de 2016 com 53.210 pessoas maiores de 18 anos.

Enquanto o país está com 53,8% de taxa de excesso de peso, Palmas está com 47,7%. A porcentagem da população com o diagnóstico de hipertensão na Capital é de 16,9%, enquanto a média nacional está em 25,7%. A respeito da diabetes, a taxa na capital tocantinense é de 5,8%, enquanto no país é média é de 8,9%. Nessa categoria, a cidade fica atrás apenas de Boa Vista (RR), que a taxa é de 5,3%. 
 
Uma das pessoas que têm colaborado com esses bons índices, é o aposentado Celso Teixeira, de 65 anos. Há três anos, ele não praticava nenhum exercício físico e pesava 93 kg e com vários problemas de saúde devido ao sedentarismo. Ele começou a se exercitar nos espaços que a cidade oferece como a Praça dos Girassóis, a Praia da Graciosa e o Parque Cesamar, dentre outros. “Comecei com caminhadas e mudando os hábitos alimentares. Depois comecei a correr pequenas distancias com intervalos de caminhadas. Tomei gosto pela corrida quando passei a praticar com o acompanhamento de uma assessoria esportiva. O que me levou a ter um melhor desempenho evitando contusões e proporcionando a perda de peso e ganho de massa muscular”, conta. 

Teixeira afirma que hoje está pesando 61 kg e que o espaço da cidade oferece tem o ajudado nesse processo. “Nossa cidade tem amplas avenidas e algumas ciclovias que nos permite a prática de diversas atividades físicas, além das trilhas na serra, grandes praças, parques, áreas verdes. Neste ponto somos privilegiados”, pontua. 

Nesses pontos, atualmente Teixeira corre três vezes por semana alcançando, pelo menos, 100 km por mês. E há um ano ele pedala pelo menos 250 km por semana e também pratica funcional diariamente. “Ganhei muita saúde, disposição, autoestima, deixei de tomar medicamentos de uso contínuo para controle de pressão arterial e colesterol. Assim ganhei melhor qualidade de vida”, destaca o aposentado.

Gabriela Melo/ Divulgação
Teste
Outra que tem tido uma vida saudável é a empresária Julianna Milhomem da Silva Gomes, de 21 anos. Ela estava estudando para um concurso e iniciou os treinos visando o Teste de Aptidão Física (TAF), etapa do certame. Desde essa época ela não parou de praticar atividades físicas. 
Atualmente ela utiliza parques, ruas e praças da cidade para correr e caminhar. “Antes eu sentia muitas dores nas costas e cansaço físico e mental. A rotina de estudo integral e a correria diária exige muito. Depois da atividade física consigo passar mais tempo sentada estudando; minha postura melhorou. Acordo às 05:30 para treinar e fico muito mais disposta pelo resto do dia. Posso dizer que consigo até aprender mais quando encaixo os treinos nessa rotina. Sem contar que já tive muitas crises de ansiedade, e hoje, não mais, administro bem essa área”, comemora.

O conselho que ela dá para quem quer começar a se exercitar hoje na Capital é “começar”. “Eu também não sabia correr, dormia até tarde e tinha pavor de acordar. Hoje faço coisas que nunca imaginei. Basta querer, deixar a desculpinha de lado e ir. Todo mundo tem uma rotina corrida, procure o melhor horário para você, busque uma atividade que te dê prazer... seja a corrida, o pedal, a academia. O que for! Quando você se encontrar nunca mais vai querer parar”, aconselha.

Ar livre
O advogado Sebastião Luís Vieira Machado, de 54 anos, é de São Paulo. Desde que mudou para Palmas, há 10 anos, malha somente nas academias ao ar livre na Praça dos Girassóis. Ele sempre treinou sozinho e nunca esteve em uma academia convencional. “Gosto de vir aqui e no Cesamar”, afirma.

Em relação à qualidade do espaço, ele diz que há muitos, mas que ainda podem ser melhorados. “Sinto falta de melhorias no que diz respeito a manutenção mais adequada. Aqui na praça o que peca é a iluminação na parte da noite”, diz. Treino sozinho, nunca foi à academia comum. Ele ressalta que a atividade física o faz bem. “Quando fico um tempo sem praticar sinto falta. O corpo parece que precisa de movimentação ou parece que vai acabar enferrujando”, finaliza.

A administradora Sandra Rocha Ribeiro, de 35 anos, faz caminhada na Praça dos Girassóis há dois anos e meio. Ela começou porque era sedentária e sentia dores nas costas. “Me falaram que se eu começasse alguma atividade física iria me ajudar com essas dores que eu sentia. Comecei a fazer o funcional e a correr na praça. Hoje quase não sinto dores”, relata. Ela acredita que Palmas oferece bastante espaços que servem como ambiente para praticar esportes. “A cidade tem boa estrutura, mas pode melhorar fazendo campanhas de conscientização para o esporte. Atualmente a corrida é muito utilizada, mas falta mais incentivo para o ciclismo e o nado. E preciso aproveitar o lago”, conclui. 
Djavan Barbosa
Djavan Barbosa
Terceira idade
Allan Dutra, coordenador de esportes e lazer do Parque da Pessoa Idosa Francisco Xavier de Oliveira, desenvolve ações que promovem qualidade de vida para a terceira idade através da atividade física. Ele afirma que ao passo que as pessoas jovens têm se mudado em busca de oportunidades para a Capital, a quantidade de idosos tem aumentado também. “Pesquisas já compravam daqui uns tempos a pirâmide da faixa etária vai estar invertida, a camada mais velha será maior e a mais jovem será menor”, diz.

Ele destaca que a gestão municipal iniciou atividades para a melhor qualidade de vida dessas pessoas. Hoje a Capital dispõe do Parque da Pessoa Idosa, onde são desenvolvidas atividades de hidroginástica, capoeira, dança, dentre outras. Dutra argumenta que é necessário se planejar e se investir nesse público. “Os pioneiros que chegaram aqui com 30 anos, já tem 60 hoje em dia”. 

Questionado sobre o que falta em Palmas para fomentar mais atividades, Dutra destaca que o que falta a Capital são grandes indústrias e empresas para fomentar a prática de atividades desse tipo. “Essas atividades ainda dependem muito do poder público e isso acaba atrapalhando um pouco. Por isso a necessidade”, explica. 

A prefeitura também desenvolve atividades voltada para as crianças através de parcerias. Atualmente, conforme Dutra, há vários locais que oferecem atividades voltados para esse público. “Oferecemos futsal em parceria com o 6º Batalhão da Polícia Militar (PM) e com o projeto Arne 64. Ofertamos ginástica olímpica com Federação de Ginástica Olimpica no Ayrton Senna, e outras atividades na Assevopa na Arno 31. A gama é muito grande, mas precisamos apoiar muito mais”, informa. Ele acredita que é necessário mais investimento nessas práticas, principalmente nas regiões mais periféricas da cidade. “Essas ações, junto com a educação e a cultura, são os melhores caminhos para tirar essas crianças do acesso às drogas”, finaliza o gestor.


Esporte

Ciclismo cresce na Capital, mas atletas cobram mais estrutura para a prática do esporte

                                                                                                                                                                                                                                                                                   Djavan Barbosa
Nelman Alves vai trabalhar todos os dias de bicicleta, mesmo contra a vontade da esposa
De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), o número de bicicletas fabricadas no Brasil em 2019, deve crescer 10,8% em relação a 2018. De acordo com a entidade, o Polo Industrial de Manaus (PIM), já produziu no primeiro trimestre deste ano cerca de 190 mil bicicletas, maior quantidade desde 2015. 

A bicicleta é um meio de transporte que apresenta um baixo custo, além de contribuir para preservação do meio ambiente, com isso os números mostram que muitos brasileiros adotaram de vez o veículo de duas rodas. O que pode ser usado para transporte, lazer e esporte profissional, também ajuda na prática de atividades físicas que trazem benefícios à saúde.

Em Palmas, o ciclismo, seja esportivo ou de passeio, é uma das modalidades que mais tem crescido nos últimos anos. Ao passo que os adeptos crescem, aumentam também os desafios em relação a como a cidade tem se adaptado para esse crescimento. A segurança dos ciclistas, que precisam dividir os espaços com carros e motos, a educação que recebem no trânsito, a ausência de um local específico para treinamento e as dificuldades que a cidade tem para realizar eventos, são os pontos que mais preocupam os praticantes. 

Primeiros passos
De acordo com a Federação Tocantinense de Ciclismo (FTC), fundada em 1996, as primeiras provas da modalidade realizadas na década de 1990, na Capital, aconteciam na região da Avenida JK. Na época, a cidade estava em expansão e durante os finais de semana havia pouca movimentação, com isso os eventos relacionados ao esporte aconteciam nos terrenos vazios da região central de Palmas.

A cidade cresceu, ganhou ruas e avenidas largas, com espaço suficiente para os mais variados tipos de veículos. Com o passar do tempo não só as vias, mas o número de pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas aumentou e eles passaram a dividir, muitas vezes, o mesmo espaço. 

Eventos
A capital não para de crescer e o número de eventos esportivos que a cidade recebe também. Em relação ao ciclismo, uma das maiores provas é a Volta de Palmas, que neste ano chegou à sua sexta edição. A competição é a principal prova da categoria do ciclismo de estrada do Tocantins e costuma reunir ciclistas de várias partes do Brasil.

De acordo com o presidente da FTC, Marcelo Leão, Palmas tem características importantes de um local que a prática do ciclismo poderia receber mais eventos da modalidade, porém existe uma enorme dificuldade para realização das competições devido o planejamento das vias com muitas rotatórias. 

“Embora seja uma cidade com muitas avenidas e planejada, por incrível que possa parecer temos muitas dificuldades em realizar evento na Capital. Isso se dá pela falta de retorno antes das rotatórias, se em uma prova o percurso tiver uma curva dentro da rotatória é obrigatório, por questões de segurança, fechá-la por inteiro. Um simples retorno resolveria essa questão. Esse deve ser um dos motivos que é tão difícil conseguir a liberação dos órgãos responsável pela mobilidade na cidade para realização de eventos. Hoje, está mais fácil a realizar as provas no interior do Estado “, pontua o presidente, que é um dos fundadores da FTC. 

Ciclofaixas
Criada em 2016, para dar espaço aos ciclistas, a ciclofaixa de Palmas começa na Praça de Girassóis, passa pela Theotônio Segurada e vai até o Parque Cesamar. Na principal avenida da cidade, existe sinalização horizontal com indicação que a faixa é destinada aos ciclistas. As placas avisam sobre os dias e horários de funcionamento do trecho. 

Porém, o trajeto recebe críticas dos ciclistas, que relatam que os motoristas não respeitam os horários que são destinados aos atletas, invadem a faixa, estacionam os veículos nas vias e colocam as vidas dos ciclistas em risco, além disso a fiscalização não ajuda a resolver o impasse. Dirigir dentro do perímetro destinados aos ciclistas é uma infração gravíssima de trânsito. O condutor pode ser multado em R$ 880 e receber sete pontos na carteira.

Para o presidente da Federação Tocantinense de Triathlon, Sérgio Moraes, o investimento na melhoria e na segurança dos trechos gera um retorno enorme aos cofres públicos. “Investir em ciclovias e ciclofaixas é uma forma de ajudar a economizar recursos da saúde público, pois vias seguras evitam que os ciclistas sofram acidentes e com isso ocupem os postos de saúde”, destaca o presidente. 

Acidentes 
De acordo com a Comissão de Gestão da Informação do Programa Vida no Trânsito de Palmas, de 2011 a 2018, a Capital registrou 20 óbitos de ciclistas por acidentes de trânsito. O mais recente deles vitimou o médico Pedro Caldas. O acidente com o médico, no final de 2017, resultou em uma pressão diante do poder público municipal, que em dezembro de 2018, após um ano da morte do atleta, criou, via decreto, uma APCC (Área de Proteção ao Ciclismo de Competição). 

O documento que entraria em vigor após três meses da data de publicação, acabou prorrogado por mais três e os ciclistas de competição seguem tendo que dividir o espaço com os carros e motos em treinos na capital. Para o tricampeão estadual de ciclismo, Nelman Alves, de 45 anos de idade e pelo menos 25 em cima de uma bicicleta, já passou da hora da cidade ter um local específico para os ciclistas. 

“Cheguei em Palmas em 2008, mas competi 15 anos por Gurupi em provas em Palmas, por aqui tenho visto desde que cheguei a evolução no número de ciclistas, tanto como atletas profissionais, quanto para a prática de passeio. Mesmo com esse crescimento a cidade não tem estrutura para o ciclista, muitas vezes a gente treina em locais proibidos devido à ausência de um local, praticamente treinamos juntos com os carros", afirma o atleta que mesmo com o carro na garagem vai para o trabalho todos os dias de bicicleta. 

Alves, que mora em Taquaralto e trabalha em uma loja de bicicletas na Avenida JK, contou ainda que encontra resistência da esposa e os filhos, pois depois do acidente que sofreu o receio tomou conta da família. "Já me envolvi em um acidente, não quando competia, estava em direção do trabalho. Vejo muita falta de respeito com o ciclista, carros e motos não nos respeitos, o que reforça a criação de um local para nós”, finaliza.

Entrevista

“Aos 30, Palmas caminha para se tornar uma Smart City”, avalia prefeita Cinthia Ribeiro

Gestora anuncia serviços pautados no Business Intelligent apostando em servidora virtual para atender demandas da população, comemora arrecadação e prevê canteiro de obras
Por Kaio Costa

A capital mais jovem do País comemora seus 30 anos cercada de desafios diários a serem superados pela gestão municipal. A urgência de resposta e solução para as demandas exigidas pela população é um desses desafios apontados pela prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB). “Vivemos em uma era líquida, onde o acesso à informação e a necessidade que as pessoas possuem de ter suas demandas atendidas são muito mais rápidas”, observa ao lembrar que, hoje, os serviços de governança da Capital são feitos online, através de um aplicativo, o Alô Pequi.

Como proposta de solução rápida e eficaz das demandas que possam aparecer, Cinthia contou com exclusividade ao Jornal do Tocantins que Palmas receberá a primeira servidora pública digital. “As pessoas terão acesso aos serviços públicos, às informações e reclamações, sendo atendidas por esta servidora digital. Trabalhar com Business Intelligent (B.I.), moldando a nossa capital verdadeiramente à uma Smart City, que ela nasceu pra ser”, explica.

Para além da tecnologia de informação, uma cidade considerada “inteligente” precisa contar com planos de mobilidade e saneamento adequados, serviços e espaços públicos preparados para serem ocupados pelo cidadão palmense. A fim de solucionar problemas pontuais do município, a prefeita tem apostado no empréstimo de R$ 243 milhões conseguidos junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).

“Teremos uma série de ações sequenciadas em obras estruturantes na cidade que vai de asfalto, à iluminação pública, construção de vias, passarelas e mobilidade”, pontua, ao explicar que a licitação está em avaliação e o edital será divulgado nesta semana.

Desafios sociais
Outro desafio que acompanha Palmas durante seus 30 anos é a questão da regularização fundiária de bairros e setores em que o Governo do Estado detém as terras. “Há quem não entenda que Palmas não é dona da sua área territorial em sua totalidade. Isso impossibilita, por exemplo, que eu aplique dinheiro público em serviços de zeladoria como pavimentação e iluminação pública nas áreas que não temos propriedade”, justifica.

Questionada sobre as questões sociais enfrentadas por Palmas, a prefeita salienta o fato de a capital ter se tornado referência em saúde, educação e qualidade de vida para os cinco estados que fazem divisa com o Tocantins e a alta procura pelos serviços por parte da “população flutuante”.

Palmas ter se tornado referência para a região de serviços públicos de qualidade não se limita a um único gestor e a prefeita reconhece isso. “O que nós vivenciamos hoje é a soma dos esforços de muitas pessoas que passaram pelo comando da prefeitura de Palmas e também pelo Governo do Estado”, ressalta.

Economia
Um ponto positivo destacado pela chefe do executivo municipal é Palmas sediar eventos internacionais este ano, apostando no turismo de negócios. “Acontece o Fórum Internacional de Administração (FIA), onde pessoas do mundo inteiro estarão aqui discutindo administração, além da Semana Oficial de Engenharia e Agronomia (SOEA), com público estimado de três mil pessoas”, enumera a prefeita ao destacar o fórum de discussão para pensar Palmas para os próximos 30 anos, a ser realizado pela Prefeitura.

“Serão palestrantes renomados no Brasil e no mundo para discutir a evolução da nossa capital, pensando de forma inteligente e sustentável. Isso é fonte de investimento. Existem bancos lá fora que querem muito financiar esses projetos e olham pra Palmas com os olhos enormes. Menina dos olhos, com apenas 30 anos e todo potencial que temos, tem ainda muito por ser feito”, resume.

Arrecadação
A arrecadação do Imposto sobe a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) neste ano também foi motivo de comemoração pela prefeita de Palmas. Foram arrecadados R$ 23 milhões em 2019. No mesmo período do ano passado, a Prefeitura havia contabilizado R$ 16 milhões. As informações são da prefeita, que garantiu que 90% dos imóveis de Palmas tiveram o valor do IPTU reduzido e o número de pessoas isentas do imposto aumentou para 24 mil. “Diminui o IPTU e ainda conseguimos ter um ganho. Aumentamos em 5% a arrecadação. Crescemos fazendo a verdadeira justiça fiscal”, comemora.

Cinthia Ribeiro exerce o cargo de prefeita de Palmas desde abril de 2018, mas mora na Capital há 20 anos e, de todos os desafios, o maior no momento é pensar Palmas para os próximos 30 anos. “É justamente onde eu quero estar! Vontade de trabalhar para retribuir a Palmas muito do que já me deu. Aqui meu filho cresce, vivencio momentos únicos, tenho amigos e me casei. É difícil resumir o que Palmas significa na vida de todos, mas eu não tenho um plano B, uma dupla cidadania ou algo para fazer depois. Tenho um único CPF, zelo muito por ele e meu projeto é Palmas hoje, amanhã e depois”.

Reeleição?
Apesar do entusiasmo, a prefeita não confirma se tentará a reeleição. "Com toda sinceridade eu acho um ano e meio pouquíssimo tempo para você mostrar a que veio e colocar em prática todos os projetos que temos para essa cidade", afirma. 

Para a gestora, fatores como a avaliação dos servidores e o desempenho fiscal são termômetros de avaliação. "Se os servidores entenderem que seus direitos estão sendo garantidos, se a máquina realmente trabalhar de forma eficaz, principalmente nos termos de arrecadação, aí eu posso lhe garantir que estamos fazendo o dever de casa. O último quadriênio apontou um crescimento de R$ 84 milhões, ou seja, mostra que nós estamos no caminho certo", revela.

Disputa partidária
Filiada ao PSDB, partido que reelegeu o ex-senador Ataídes Oliveira presidente regional e pretenso pré-candidato à prefeitura de Palmas, a prefeita sugere que o dirigente se lançou sem o respaldo partidário. "Na verdade ele se indicou", resume.

Ela lembra que no final do mês ocorrerá a convenção do PSDB Mulher, no dia 30, e no dia seguinte, a convenção nacional tucana, quando ela espera que terá apoio da executiva nacional. "O próximo presidente eleito no PSDB nacional é quem vai concluir a situação com relação ao PSDB no Tocantins e ao PSDB Palmas. Eu acredito que ele vai pontuar bem. Não tem aquele velho ditado que 'político sem mandato é marimbondo sem ferrão?!' Não serve pra muita coisa", alfineta.

Sua condição de única prefeita tucana no país é lida por ela como fator a seu favor. "O PSDB hoje, pelo menos o Governador Doria e candidato a presidente, que caminha para ser uma chapa única de consenso com Bruno Araújo, ex-ministro das Cidades, algo que eles tem pregado é que querem reconstruir o PSDB sobre dois parâmetros: da juventude e das mulheres. Se parar pra pensar não estou tão velha assim com meus 40. E no parâmetro Mulher...", conclui.

Análise

Palmas 30 anos: suas contradições e a busca do caminho para sustentabilidade

                                                                                                                               Arquivo JTo
João Aparecido Bazzolli
Professor Doutor do Curso de Direito da Universidade Federal do Tocantins. Pós doutoramento pela Universidade de Lisboa em Planejamento Urbano. Coordenador da Região Norte do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico. Docente permanente do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional. Atua em pesquisa e extensão em parceria com a ONU-HABITAT
"A partir de um olhar crítico-reflexivo é simples notar que Palmas ao longo do seu processo de ocupação, a partir de 1989, subsidiado pelo crescimento desordenado, causador dos vazios urbanos centrais, provocou uma segregação socioespacial prenunciada por problemas estruturais. Esse resultado indesejado pela população e aparentemente contraditório em relação à proposta original de seus planejadores, de urbanização concentrada e adensada, concretizou-se em razão da dinâmica de que prevalece o domínio político e econômico na disputa pelo espaço urbano; para além disso, a existência de interesses estratégicos de seletividade pelos agentes imobiliários, tudo vinculado à razão de que o perímetro urbano se associa diretamente à valorização de mercado e contribua efetivamente para essa condição adversa mencionada. Cabe salientar, que embora a cidade tenha sido planejada, atualmente, com apenas trinta anos de implantação, já apresenta sérios problemas urbanos constatáveis, semelhantes e em dimensões aos de outras cidades brasileiras, proporcionalmente até mesmo ao de grandes metrópoles.

Neste processo histórico interessante resgatar que em 2007, fundamentados em estudos que mostravam a contradição do crescimento desordenado da cidade e indicava a sua insustentabilidade financeira e demográfica, propomos o estabelecimento de políticas públicas de contenção dos limites da cidade, que apontava para a imediata redução do perímetro urbano de Palmas. Esta redução ocorreu por ocasião da aprovação do Plano Diretor daquela época (2007), quando parte da Região Norte da cidade voltou a ser rural.

Porém, desde então, embora se tenha verificado o interesse da sociedade palmense em evitar a dispersão urbana, a saga pela expansão da cidade sempre rondou os debates públicos e acadêmicos, fator que culminou num grande movimento nos anos de 2011 e 2012. Este debate foi norteado pela irracionalidade da dinâmica urbana de dispersão já existente na cidade e o seu comprometimento para o desenvolvimento sustentável, tanto pelos prejuízos econômicos como os sociais, sendo naquela época contido este interesse voraz do avanço do urbano sobre o rural, embora isto somente ocorreu por intervenção judicial.

Pois bem, até em razão de estender um olhar sobre a possibilidade da contenção da crescente irregularidade imobiliária na cidade, entendemos que seria necessário monitorar o crescimento urbano e aplicar políticas públicas efetivas de melhoria da qualidade de vida na cidade, para mais, emprestar maior racionalidade à gestão e à produção do espaço urbano.

Porquanto, isto não vem ocorrendo pois o Plano Diretor vigente, aprovado em abril de 2018, por motivos de movimentações políticas e econômicas, para além de ampliar o perímetro urbano, com o uso de malabarismo semântico e explicações contraditórias, terminou por criar uma alargada área de expansão urbana, denominada de transição rural-urbano.

Estabelecido este contexto, por inércia do Poder Público Municipal que poderia estabelecer medidas concretas voltada para o ordenamento do território, grupos econômicos e do setor imobiliário remanescentes de 2011 e 2012, contribuíram para o crescimento territorial urbano sob a justificativa de que a contenção destes limites estaria provocando entraves ao crescimento econômico do mercado imobiliário e consequentemente resultando na estagnação setorial. 
Portanto, diante desse panorama, pode-se afirmar que as discussões sobre a cidade sempre estarão permeadas à forte pressão política orquestrada pelo setor imobiliário, que tem como objetivo agregar novas áreas urbanas regulares a esse mercado setorial e isto somente se torna possível quando ocorre o avanço do urbano sobre o rural. 

Agregando-se a estes fatores, numa perspectiva geopolítica de uma cidade planejada, que tem provocado a disputa entre atores e agentes interessados pelo espaço urbano; não se pode conceber que, em uma cidade dispersa e desocupada, persista, e aconteça a sua expansão urbana, condição que perpetua o modo desordenado da ocupação de Palmas, não somente em razão do constante interesse de alargar o perímetro da cidade, mas o de subverter as diretrizes de ocupação, razão da produção de um espaço urbano desigual, segregado e de alta especulação imobiliária. 

Assim sendo, a revisão do Plano-Diretor de Palmas, de abril de 2018, por sua importância contextual do processo de ocupação da cidade, que aconteceu após discussão acirrada durante quase três anos, terminou por alterar substancialmente este critério de ocupação da cidade, possibilitando o alargamento dos espaços urbanos e essa medida corrobora a tese de que a cultura política e o poderio econômico continuam influenciando no planejamento urbano.
Resta finalmente admitir que precisaríamos nos debruçar sobre as métricas estabelecidas pelos objetivos do desenvolvimento sustentável, sensibilizar o Poder Público e a sociedade da importância de estabelecer convergências em ações futuras na direção da agenda urbana 2030. Neste sentido, pensar a cidade para o futuro se torna primordial a partir da amálgama de elementos estruturantes de políticas públicas que estabeleçam avanço ao ordenamento do território e os múltiplos olhares sobre o conceito de cidade para pessoas."  

Relembre a história
 de Palmas

“Esta cidade é de todos nós. É uma das poucas cidades brasileiras em que os moradores se sentem irmãos. Tenho certeza que o Tocantins realizará muita coisa boa para cada um de seus habitantes. Imagino que chegou a um ponto que ninguém mais pode escurecer a presença de Palmas nessa amplitude. Com essa cidade se fortalecendo, temos centros comerciais importantes, e isso tudo tem o poder de atração grande, e vai atendendo imigrantes que vêm de toda parte do Brasil para ocupar um pedaço de terra. Aqui sem dúvida será um dos maiores centros de produção do País”
José Wilson Siqueira Campos, ex-governador do Tocantins

23.06.1823
O Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Siva, proíbe a instalação do governo da Comarca do Norte em Natividade e reprime o movimento libertário deflagrado por Joaquim Theotônio Segurado. Fato marcante da disputa de lideres tocantinenses na busca de sua capital desde Império.

07.12.1988
O município de Miracema foi anunciado pelo presidente da República José Sarney, como Capital provisória do Tocantins. A cidade, localizada na região central do Estado, ocupou a posição de 01/01 a 31/12 de 1989.

01.01.1989 
Instala-se em Miracema o primeiro Governo Estadual, o Poder Judiciário e a Assembleia Constituinte. Estava preparado o cenário para que Palmas emergisse como Capital. 

02.01.1989 
O Povoado do Canela é indicado pelos parlamentares para ser a sede política Tocantins.

23.01.1989 
O governador Siqueira Campos e arquitetos responsáveis pelo plano diretor de Capital, Luiz Fernando Cruvinel e Walfredo Antunes, sobrevoaram região que hoje é Palmas.
                                                                                                                                                                                                                                                                                       Márcio Di Pietro/ Secom
Siqueira Campos sobrevoa a região onde seria instalada a capital tocantinense
27.01.1989 
O Grupo Quatro apresenta relatório com quatro áreas de potencial para a nova cidade.  

06.02.1989 
A Assembleia Legislativa aprova o quadrilátero de 32x32 quilômetros, abrangendo as áreas Mangues e Canelas, de ambos os lados do Rio Tocantins, para a implantação de Palmas.  

05.05.1989 
O nome da capital nova, Palmas, é anunciada pelo governador Siqueira Campos. A escolha se refere à Proclamação de Theotônio Segurado à Comarca da Palmeira, além das palmeiras das propriedades da região.  

07.05.1989 
É aprovada a Lei 62/89 que dá o nome de Palmas.

20.05.1989 
Dom Celso Pereira de Almeida celebra a primeira missa: lançamento da pedra fundamental de Palmas; apresentação do projeto urbanístico e arquitetônico dos principais edifícios; inauguração do Palacinho, primeira sede administrativa do Governo do Estado na nova Capital e início da abertura da Theotônio Segurado, primeira avenida da cidade.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                               Cedoc OJC
Celebração da primeira missa em Palmas
19.07.1989 
A criação do município de Palmas foi aprovada pela Assembleia Legislativa, que definiu que primeiro prefeito seria escolhido pelo Governador e o papel do legislativo municipal seria feito pela AL. A OAB entra com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal, que considerou a decisão inconstitucional. Isso fez com que Siqueira convencesse Fenelon Barbosa, prefeito de Taquaruçu, recém emancipado de Porto Nacional, a transferir sua sede administrativa para Palmas. 

28.12.1989
Aprovação pela Assembleia da mudança da sede administrativa de Taquaruçu para Palmas, tornando Felenon Barbosa seu primeiro prefeito e seus vereadores os primeiros legisladores municipais.

29.12.1989 
A Câmara Municipal de Taquaruçu aprova a Lei 28/89, autorizando mudança do nome de Taquaruçu para Palmas.

01.01.1990 
A Assembleia Legislativa aprova a mudança da sede administrativa do Governo, de Miracema para Palmas, instalando assim a nova Capital. A sede de Taquaruçu é transferida para Palmas pelo prefeito de Taquaruçu, Fenelon Barbosa e seu vice, João Alves de Oliveira, juntamente com os vereadores em sessão da Câmara Municipal de Taquaruçu. As sedes da prefeitura e da Câmara Municipal funcionaram provisoriamente, de 01/01 a 20/05 de 1990, no prédio da antiga fazenda Triângulo.

20.05.1990 
Inauguração do prédio dia Prefeitura de Palmas, pelo presidente da República, Fernando Collor de Melo, durante visita à Capital em seu 1º aniversário, tornando-se o primeiro presidente república, após a criação do Tocantins, a visitar a região.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                            Cedoc OJC
Praça dos Girassóis, sede do Governo do Tocantins, durante sua construção

Expediente

Repórteres
Elâine Jardim, Lauane Santos, Kaio Costa, Luana Fernanda, Samir Leão e Talita Melz 

Edição
Lailton Costa e Patricia Lauris
Repórteres fotográficos
Lia Mara e Djavan Barbosa

Edição geral
Tião Pinheiro, Lailton Costa e Patricia Lauris

Coordenação editorial
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Design
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